domingo, 28 de junho de 2009

Centren

Quantas vezes já morreste?
Em quantas ocasiões pudeste dizer: "Nasci de novo!"?
Esta frase sempre nos ocorre, quando passsamos por uma situação muito perigosa, que poderia ter encerrado a nossa trajetória no mundo dos vivos.
No livro "Um", o pensador-aventureiro Richard Bach propõe uma viagem por um labirinto que representa várias mudanças ocorridas ao longo de sua vida, até aquele momento. Cada uma daquelas situações é representada por uma encruzilhada, na qual ele tomou uma decisão, entre duas ou mais oferecidas. Então, ele se vê na situação em que estaria se tivesse tomado, naquela ocasião, uma decisão diferente daquela que realmente tomara, e que o levou até sua posição atual. Gostei daquele livro, porque me dizia muito de mim mesmo. Já perdi várias chances seguras de morrer, por exemplo. Principalmente durante a infância, já passei por várias situações de elevadísimo risco. De alguma forma, costumo pensar que eu posso ser, na verdade, o "outro eu"; o "primeiro eu", o principal, foi aquele que morreu daquela doença grave de minha primeira infância, quando fui desenganado pelos médicos, e o "outro eu", o que sou agora, foi o que sobreviveu, e que, neste mundo paralelo, nesta dimentsão, acabou se tornando o "primeiro eu". Só que este novo "primeiro eu" acabou morrendo naquele acidente em que foi atacado por um boi bravo, escapado de uma boiada descontrolada, e que veio ao meu encontro. O "outro eu" daquela ocasião, foi o que continuou, até se tornar "primeiro" num novo paralelo. E isso aconteceu tantas vezes que perdi a conta. Este "eu" que está aqui, escrevendo neste blog, é um "outro de outro, de outro de... muitos outros 'eus'", que chegou aqui, neste "outro mundo". Às vezes, penso em como seria bom encontrar-me de verdade comigo mesmo, com algum daqueles outros eus, que tomou uma decisão diferente de alguma daquelas que me trouxeram até onde estou hoje. Pode ser aquele que permaneceu no primeiro emprego, que não ficou rico, mas construiu um pequeno, porém seguro, patrimônio, que mantém com aquela garota por quem se apaixonou, junto com os três filhos que geraram e criaram juntos, e que hoje são jovens adultos, a caminho de seus próprias realizações profissionais; às vezes, sou visitado por aquele outro "eu", que se aventurou a sair do país, em época de crise, e que foi bem sucedido, e vem zombar do "eu" em que me tornei, fracassado, frustrado e sem chances de retornar ao que já fui, pois o tempo "deste mundo" não me premite retornar... e me sinto, no fundo, feliz, por saber que um outro "eu" foi bem sucedido; em uma dimensão paralela, eu estou feliz e realizado, e visito os outros "eus" que não tiveram a mesma ventura.
Certa ocasião, fiz amizade com uma família, cujo pai me ajudou a perceber a teoria do centro do universo.
Num teatro infantil, em que eu fui acompanhando minha namorada, filha daquele senhor, daquele sábio que adotei como guru, vimos algumas das aventuras de Pedro Malazartes. Na peça, o rei pergunta a Malazartes, testando a sapiência que o personagem central propalava: "Onde fica o centro do mundo?" Então Malazartes responde: "Aí, mesmo! Exatamente onde está vossa cabeça! Se duvida, vossa majestade meça a distância da ponta final do mundo à sua frente, vire-se para o outro lado, e meça a sua distância até o limite oposto do mundo. Se não der a mesma distância, pode me reprovar!" O rei pensou, pensou, ficou atrapalhado, e se deu por vencido. A platéia riu, e a peça continuou, com muitas outras risadas.
Após a peça, comentei com minha namorada sobre a sagacidade de Pedro Malazartes, e o pai dela, que tinha nos levado ao teatro, disse: "É verdade! É correto o que o espertalhão disse ao rei, sobre o centro do mundo."
"Ele enganou o rei, que não podia provar o contrário!", retruquei.
"Mas não era nenhum truque!", objetou meu pretenso futuro sogro. "O centro do Universo, para o rei, era exatamente o ponto onde ficava o centro de sua consciência. O mesmo acontece com você, comigo e com todos os seres. Cada um é o centro da percepção, da consciência e do conhecimento de seu próprio Universo. Por exepmlo: outro dia, quando subíamos pela ladeira do Farol, você arfava, subindo com dificuldade, enquanto eu e minha filha subíamos juntos, na mesma velocidade, sem alterarmos nosso ritmo respiratório. A ladeira era a mesma, só que, para o meu universo, e de minha filha, era uma ladeira suave, mas para o seu universo, era íngreme. Por isso, você não aguentava tanto quando nós! Cada um de nós molda o seu universo conforme sua própria consciência e desejos! Quando duas pessoas, que vêm de lugares diferentes, se encontram pela primeira vez, são dois universos que se cruzam, no Universo maior das Possibilidades, e no mais estreito, mais ainda muito amplo, Universo das Probabilidades. A interação dessas pessoas vai depender do universo particular que cada uma moldou para si. Se houver pontos concordadntes, essas duas pessoas têm grande probabilidade de se tornarem amigas, mas, se forem muito discordantes naquele primeiro momento, provavelmente não terão harmonia. Queira ou não, acredite ou não, somente você pode determinar o que vai permitir ou não entrar e permanecer no seu próprio Universo, do qual você é o centro."
"Mas, por que somos obrigados a fazer o que não queremos, a cumprir ordens e leis coma as quais não concordamos?"
"Ninguém é obrigado a fazer o que não deseja! Do mesmo modo que este "você", que está aqui na minha frente, teve que fazer coisas que não queria, existe, em alguma dimensão paralela, próxima de você, o outro "você", que optou por não fazer as mesmas coisas. O importante é que você saiba que você é o centro do seu próprio Universo, e que existem muitos outros universos, comuns no mesmo tempo, e no mesmo espaço, mas em dimensões diferentes, paralelas e permeáveis."
Este é o princípio da teoria Centre, que junto com a idéia do Universo Triúno, vem apoiar a Antropomática.
Até a próxima!